(Entrevista feita no Morumbizinho MC)
Você sofreu pressão ou cobrança de você mesma após completar
18 anos?
Sofri muito, muito. Quando eu fiz 18 anos
eu me cobrei coisas que eu não precisava, então eu trabalhava e estudava, mas achava
que tava pouco. Eu sempre queria mais, e isso acabava me prejudicando.
Resposta 2: Sofri bastante, eu me cobrava
muito. Quando eu fiz 18 anos eu queria fazer o melhor de mim, com trabalho e
essas coisas eu me esforçava muito, e acabava deixando de viver.
Por quê?
Porque eu acabava deixando de viver um
pouco
Você sofre com alguma questão estética?
Não
Você já modificou algo no seu corpo por pressão de alguém?
Também não. De jeito nenhum, eu sempre fui
por mim. Em questão de corpo, você pode falar que eu sou baleia, eu não ligo.
Você já foi influenciada?
Também não, nem quando era adolescente.
Você tem vontade de mudar alguma coisa no seu corpo?
Não, se for para mudar vai ser naturalmente.
O que você não mudaria de jeito nenhum e por que.
No meu corpo? O cabelo. Eu gosto de mexer
nele, pintar e essas coisas, mas particularmente é o que eu mais gosto.
Você se considera muito vaidosa? Se preocupa demais com a
aparência?
Vaidosa, assim nesse ponto não. Eu gosto de
ter uma boa aparência, mas assim, questão de extremo, não acho necessário.
Você liga para a opinião dos outros em relação a você?
Não, eu penso na minha opinião e pronto.
Sou muito egoísta nessa parte.
Você já fez alguma coisa errada devido a influência de
amigos?
Fiz sim, na minha adolescência. Eu já fui
em embalo de bebidas, já fui e em embalos de até uma vez cabular aula. Só isso.
Como você reage ao ouvir um elogio malicioso?
Eu finjo que não escuto.
Mas você gosta ou não?
Não.
Como era a sua relação com os seus pais?
Bom, não é a melhor, mas também não é ruim.
Converso, não moro com os meus pais, então tenho um pouquinho de amizade com
eles, sou muito distante do meu pai, mas não porque eu quero, é porque ele mora
longe mesmo. Não temos tanta afinidade como também não temos inimizade.
O que você mais
gosta de fazer e o que menos gosta?
O que eu mais gosto de fazer é cantar. E o
que eu menos gosto? Eu não gosto de acordar cedo.
No que você mais mudou na transição de adolescente para a
fase da mulher?
É uma questão que acho que acontece com
todo mundo: amadurecimento.
Mas em relação a quê?
O que você pensava antes que pensa diferente agora?
Eu era muito aberta, qualquer coisa para
mim era legal. E hoje eu vejo assim: tem coisas certas né, momentos certos, tem
momentos certos de você concordar, você seguir aquilo, assim, em relação por
exemplo. Você tem que ter um amadurecimento muito mais forte do que na
adolescência.
Na adolescência você é aberta, não leva a
sério, né.
Há algo que você gostaria de ter mas não tem?
No momento, assim, acho que tudo o que eu
tenho tá bom.
Você se considera ambiciosa?
Às vezes, as vezes eu quero uma coisa que
eu quero mais, e quero mais.
E materialista?
Não, não sou não.
Qual é o seu sonho?
Um sonho? Ser reconhecida, mais
musicalmente.
Por que você escolheu a carreira musical?
Eu, na verdade, não era para ter escolhido.
Porque eu brincava no karaokê brincando, brincando desde pequena com a minha
mãe e as pessoas falavam “essa menina tem talento”, e eu fui cantando,
cantando. E quando eu vi já estava dentro. Foi automaticamente.
Quais são suas referências artísticas?
MPB, Rock, samba, isso é o que me
influencia. Totalmente ligado ao meu cotidiano, totalmente ligado ao meu
sangue, mas outras músicas me fazem bem também. De vez em quando eu gosto de
ouvir um samba de raiz, um sertanejo de raiz, gosto de ouvir um baião, adoro.
Mas o que me influencia muito é o MPB e o
rock.
E quando você percebeu que havia mudado? Amadurecido?
Olha, para falar a verdade, eu sempre estou
amadurecendo, em uma coisa nova. Mas quando eu percebi, foi quando eu me
separei.
A aceitação em relação ao corpo, personalidade, se torna mais
fácil depois da adolescência? Por quê?
Não. Para mim é um pouco mais difícil
porque você acaba se cuidando mais, preocupação.
E qual é a sua opinião sobre o machismo?
Eu odeio. (Inaudível) Sou totalmente contra
o machismo.
Você já sofreu algum preconceito machista?
Sim, questão de por exemplo, uma mulher não
poder estar aqui sozinha (moto clube); questão de até jogar bola, por exemplo,
já ia falar “não, sai daqui, você não poed jogar bola, isso é para homem, coisa
de mulher é lavar louça” quando eu ouço isso quero morrer. Questão assim eu
compro briga.
Para você qual a importância da mulher na sociedade?
A mulher, em primeiro lugar, tem que se
valorizar, porque se o mundo tá perdido é hoje. Tem que se valorizar, e assim,
a mulher é muito importante, ela só tem que se impor mais. Porque ultimamente a
mulher está deixando de mostrar o valor que tem, até mesmo historicamente,
lutou tanto pelos direitos e hoje está sendo desvalorizada.
Então eu acho que assim, a mulher já é
importante, só tem que aprofundar, dar aquele empurrão e não deixar que acabe.
Você percebe algum preconceito explícito?
Acho que tá bem aberto, todo mundo vê. O
preconceito está em todos os lugares.
Em algum momento já foi tratada com inferioridade?
Não que eu lembre agora.
Com quantos anos
você perdeu a virgindade?
Faltava três dias para eu fazer 18 anos.
Você tem uma visão sobre sexo diferente hoje em dia?
Ah, com certeza. Toda certeza eu tenho,
porque você vai, não adquirindo experiência, mas normal. Conforme o tempo você
vai tendo uma relação e vai aprendendo mais. E hoje eu vejo bem diferente.
Como você via antes e como você vê agora?
Eu achava que era uma coisa que para você
ter uma relação tinha que ter amor. Hoje não, hoje você vê as pessoas, é lógico
tem gente que sente, mas as pessoas fazem mais sexo por prazer.
Você mudou após a sua primeira relação sexual?
Meu corpo mudou muito, não teve nem como
esconder por exemplo, da família. Adivinharam, então assim, o corpo mudou
bastante. Mentalidade, assim, mudou também. Quando você vai descobrindo aonde
toca, aonde não toca, vai mudando.
O que é sexo para você?
Sexo é prazer. Como diz a Rita Lee né “Sexo
é um esporte”. A música da Rita Lee, Amor e sexo acho que diz totalmente a
diferença entre amor e sexo.
Seus pais conversavam sobre sexo om você na adolescência?
Nunca conversaram. Nunca. Eu descobri tudo
isso na rua, tudo foi na rua.
Você pensa em ter filhos?
Penso, sem dúvida eu quero ter um filho.
Você pretende conversar com eles sobre isso na adolescência?
Eu quero ser aquela mãe que meu filho chega
e diga assim “Tive minha primeira relação” e por eu já ter dado aquele empurrão
nele, e dito aonde está certo, aonde está errado. Eu quero ser aquela pessoa
que ensina meu filho.
Você busca
qualidades/valores diferentes nos homens em contraponto com a adolescência?
Sim, porque é importante, não pode escolher qualquer pessoa.
Com quantos anos você se casou?
Com 16 para 17 anos eu já fui morar junto.
Não era um casamento assim.
Você trabalhava depois de casada?
Eu trabalhava. Trabalhava na Claro, antiga
Embratel, tinha um cargo bom lá, era gerente de vendedor, então o cargo era
bom. Hoje eu trabalho também, mas não estou mais nessa área, mas também me
separei.
Como é a sua relação de independência na questão financeira?
Hoje eu não estou mais independente, hoje
estou um pouco mais dependente, por conta do cargo que eu mudei, caiu muito do
que eu ganhava antigamente.
Após o casamento você mudou muito?
Sem dúvida. Mudei muito, muito. Amadureci
muito, aprendi muito.
E de que forma sua vida mudou?
Em certa parte foi a melhor parte, assim,
as melhores coisas que eu mudei. Eu amadureci muito, foi para melhor, foi para
o lado bom.
Você se arrepende de ter casado?
Não em arrependo porque é bom. Se você não
quebrar a cara você não aprende, como diz o velho ditado.
Você pensa em se casar novamente?
Eu penso, penso sim. Porque eu acho que
quando as pessoas se gostam não tem motivo de não estar juntos, morando juntos.
Qual foi a fase mais difícil da sua vida? Como você reagiu?
Eu tive dois momentos ruins. Um de relação
e um momento de perda: em 2004 eu perdi minha tia, que era como uma mãe para
mim, eu sofri muito, sofri demais, para mim ali tinha acabado o mundo, não
queria saber de mais nada, mas até então eu era adolescente, estava entrando na
fase da adolescência, a gente passa por tantas coisas na adolescência que a
gente aprende.
E em relação foi quando eu me separei, eu
entrei em depressão mesmo, em depressão profunda, de psiquiatra querer pegar e
passar remédio para mim, mas ai eu fui mais forte, falei que não iria tomar
remédio para não piorar. Recentemente tive um problema com relação a namoro,
sofri bastante, mas tudo a gente supera.
O que você cursou na faculdade?
História.
Quando você decidiu o que ia cursar?
Na sétima série. Na sétima série eu já,
minha melhor nota era na matéria de história, eu me dava bem, gostava da
professora para caramba, a gente se dava muito bem. E de todas as matérias ou
era educação física ou era história, mas eu sou um pouco medrosa, não gosto nem
de ver sangue, então para fazer educação física, quando eu soube que tinha
anatomia não quis mais saber, então falei, vai ser história que é o que eu
gosto.
Qual é a sua maior conquista até hoje?
A faculdade. A faculdade, sou a primeira da
família a ter uma faculdade, a primeira da família a terminar o ensino médio e
ainda ir para a faculdade.
Você tem um livro favorito?
Tenho vários. Mas o que eu mais me
identifico, são todos do Harry Potter, nossa, que eu assisti e li todos, então
assim, me dei bem com o livro e outro que gosto muito, assim é do Machado de
Assis, Dom Casmurro. Sou apaixonada por aquele livro.
Como você se imagina daqui a dez anos?
Eu me imagino de duas formas: Eu sendo uma
professora de faculdade ou já estando ai fazendo shows no Brasil.
Em que ou em quem você pensa ao longo do dia?
No meu namorado.
O que em si mesmo te orgulha?
Em mim, o que me orgulha é a força de
vontade.
Qual é o seu maior defeito?
Meu defeito? Ao mesmo tempo que eu tenho
força de vontade eu tenho muita preguiça também.
Gostaria de ter uma filha igual a você?
Ai, seria um orgulho ver uma filha
cantando, seria um orgulho.
Você acha que uma
mulher consegue conciliar trabalho, casamento?
Consegue, sem dúvida consegue. Eu conheço muitas pessoas assim, que
dá conta e consegue.
Quais foram as suas maiores dificuldades para entrar no mercado de trabalho?
Eu sou um pouco gaga, eu acho que isso atrapalha
um pouco, principalmente quando estou nervosa, ai eu começo a gaguejar e vai.
O que é mais gratificante no seu trabalho?
O respeito, quando o aluno tem, por você e
quando você vê que ele está prestando atenção e está aprendendo, não tem coisa
melhor. Você vê que está aprendendo o que você está ensinando.
E na música?
Na música eu gosto de ver as pessoas
curtindo, pessoas agitando, isso me deixa bem.
Seus dois empregos são aquilo que você esperava? Você está
feliz com eles?
Estou. Realizando os dois sonhos, quando eu
comecei a vida.
Qual é a mensagem que você pretende transmitir com os seus
trabalhos?
Olha, musicalmente, é você cantar, tocar
com o coração, porque se você tá com o coração, com certeza a pessoa que vai
estar te ouvindo vai se sentir bem, se a pessoa tem, por exemplo, o dom de
cantar também, com certeza ela vai se sentir influenciada e tentar fazer do
mesmo jeito.
Já na sala a mensagem é simples, porque se
você não aprender você pode não ter um futuro bom, nada como você ter um futuro
aprendendo.
Você tem uma religião?
Sou espírita.
O que você considera intolerável?
Falar por trás, falar nas costas, esconder
entendeu? Você vir conversar comigo, virar as costas e falar mal. Isso não dá
para suportar.
Você já perdeu alguma oportunidade por medo de tentar?
Já. Eu recebi a oportunidade de jogar no
Fluminense, no futebol feminino.
Você é uma pessoa ousada?
Quando eu quero.
O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
Gosto de ficar na internet, tocar violão e
compor.